É ela, povo! Suelen Aires Gonçalves
Socióloga e professora universitáriastyle="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">
Vamos apresentar na coluna Plural um diálogo da Linn da Quebrada durante sua estadia no reality show Big Brother Brasil em relação ao pronome "ela" tatuado em sua testa . Sim, é assim que ela deseja ser chamada. E mesmo com a tatuagem visível na testa foi chamada reiteradas vezes pelo pronome masculino. E o que "ela" tem a ver com isso? Vamos lá, alguns exercícios de reflexão são necessários para todas, todos e todes!
O mês de janeiro é o mês da Visibilidade Trans. Necessitamos dessa data para tratar de questões importantes como por exemplo: Porque nosso país é um dos países que mais mata travestis e transexuais no mundo?
AFRONTA
De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), em 2019, foram registrados 124 assassinatos. E em 2020, em meio a pandemia provocada pela Covid-19, o Brasil registrou 129 assassinatos de pessoas trans de 1º de janeiro a 31 de agosto de 2020, ou seja, um aumento de 70% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Estamos diante de um direito garantido pela nossa Constituição Cidadã de 1988, o direito à vida, ameaçado pela violência e discriminação. A maioria da população de pessoas transsexuais e travestis está submetida à violência no Brasil. A expectativa de vida da população trans é de 35 anos. E esse dado é uma afronta aos direitos humanos neste país.
HUMANIDADE
Outro exemplo para nossa reflexão foi a conquista do nome social. Desde abril de 2016, passamos a reconhecer que travestis e transexuais tenham a identidade de gênero garantida e sejam tratadas pelo nome social. Porém, ainda nos deparamos com a falta de respeito e o preconceito como um dos empecilhos a em relação ao "nome social".
O que "ela" tem a ver com isso? Tudo, povo. Se tem alguma dúvida em relação ao tema, pergunte. Sim, pergunte como a pessoa quer ser chamada e respeite o nome e gênero que ela quer ser reconhecida. Isso é respeito à dignidade da pessoa e uma importante demonstração de humanidade.
Quanto vale um afeto? Silvana Maldaner
Editora de revistastyle="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">
Quando nasce um pai ou uma mãe, a maioria das preocupações está em como sustentar esta nova criança, arrumar enxoval e dar condições de alimento, segurança, educação e saúde. Mas o que uma criança precisa para crescer e desenvolver? Uma criança amada, mas com os limites necessários de saber que a vida não é uma Disneylândia e que o mundo não gira em torno para satisfazer aos seus desejos mágicos, tem mais chances de ser um adulto melhor resolvido. Vai saber lidar com as frustrações e pequenas derrotas do cotidiano entendendo que faz parte do amadurecimento do caráter e que a vida é o eterno equilíbrio em administrar os sonhos e a responsabilidade da realidade.
Mas quando as frustrações são sucessivas e permanentes na falta de afetividade familiar, os bens e as coisas substituem os abraços, os beijos e longas conversas, e a inversão de valores começa a ser conduzida. Muitos pais acreditam que precisam trabalhar muito, para dar o último modelo do celular, o melhor notebook e todo o conforto que, muitas vezes, não teve quando criança. O dinheiro pode pagar tudo, só não substitui o tempo da atenção, do amor e do chamego. É cansativo ouvir as mesmas aflições, o mesmo assunto de "mi-mi-mis". Mas faz parte do universo e da realidade do filho.
Quer fazer parte da vida dele, saiba dos amigos, dos comportamentos, das paixões platônicas, dos ídolos, das piadas idiotas, dos micos, dos professores mais legais e inspiradores, das paqueras. Ninguém vai conseguir intimidade com um filho aos 18 anos de idade, após uma vida de ausências.
Poderemos ter jovens saudáveis com pais ausentes? Com pais neuróticos e desequilibrados?
A falta afetiva dos pais, separados ou juntos na mesma casa, é assunto tão grave que até a justiça precisou intervir. Além da pensão alimentícia, obrigação por lei, e com previsão de cadeia pelo seu descumprimento, há casos na jurisprudência de dano moral por abandono afetivo. Estamos falando de novo de dinheiro para penalizar a falta de amor. Será que haveria nesta existência alguma compensação financeira que resolvesse os buracos dentro do coração?
Conhecemos profissionais brilhantes, pessoas incríveis, divertidas, inteligentes, saradas, famosas, palestrantes e coachs, mas os filhos ficaram à deriva. Não sobrou nada, além do dinheiro, da compensação em bens materiais, luxo, conforto e no staff de profissionais para cuidar. Com todo respeito a indústria medicamentosa, aos psicólogos, psiquiatras e aos terapeutas, mas nada substitui o amor e o tempo que os pais e familiares dispõem para os filhos. Pessoas amadas são mais fortes e conseguem suportar suas imperfeiçoes, pois estão amparadas por laços de afeto registradas desde a primeira infância.
Quanto vale o seu tempo? Quais os laços que você tem estabelecido?